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Aventus
(por SmaugBR)

“Diário de bordo, Ano UEE 2903. Origin Jumpworks 600i Explorer.

Após finalizarmos o Quantum Jump, nossos sensores captaram variações gravimétricas anômalas vindas da Nebulosa Sharr, em Pyro. Elas oscilavam em diversas frequências, emitindo uma miríade de sinais desconhecidos. Um deles, entretanto, foi estranhamente familiar, tendo sido transmitido em Código Binário tradicional e traduzido diretamente por nosso sistema. Quem quer que tenha programado os sinais, os emitiu provavelmente em todas as linguagens que conhecia. Seja como for, nos dirigimos ao que parecia ser um pedido de socorro.

Ao atingirmos o local, descobrimos uma nave de dimensões formidáveis e geometria espantosa, claramente não humana. Segundo nossos sensores, era feita um material metálico desconhecido. De sua estrutura principal, projetavam-se espículas que pareciam grandes arranha-céus feitos do mais puro cristal azulado. Paramos e rapidamente designamos um grupo de buscas por sobreviventes.

Em algumas horas, o grupo retornou sem encontrar vida. A nave estava deserta, como se fosse inteiramente controlada de forma remota ou, de maneira menos improvável, como se toda a vida tivesse simplesmente desaparecido sem deixar rastros. Consigo, a equipe trouxe um dispositivo nunca antes visto. Um pouco maior que uma Cyclone, o aparelho é feito de um metal brilhante e possui pequenos veios dourados, por onde cintilam pulsos de uma energia de natureza ainda desconhecida. Após uma análise preliminar, nossos engenheiros a bordo informaram que necessitaremos de ajuda externa na investigação de detalhes inerentes a nosso achado.

Alguns de meus contatos aqui da EliteBR que trabalham na Crusader Industries devem poder nos ajudar… afinal, eles já têm familiaridade na lida com Xeno-tecnologia.

Capt. Ayers desligando.”

Após este registro, a 600i rumou de volta a Stanton, mais precisamente para o planeta Crusader. Ayers era um homem obstinado, culto e disciplinado. Sua avidez pela ciência era superada apenas por sua curiosidade rumo ao desconhecido. Sua vida de explorador tinha garantido-lhe contatos em diversos setores, na UEE e fora dela, rede esta que se ampliou ainda mais depois que ele e sua tripulação se juntaram à EliteBR e seus ideais de preservação da liberdade dentro da política da UEE. Ayers gostava de pensar em si como uma pessoa “muito bem relacionada” e orgulhava-se disso. Muito cortês em suas relações, conseguia unir sob o mesmo teto oficiais do alto escalão da UEE com membros influentes da esfera criminosa de Stanton, como a Nine-Tails ou os Dusters, para negociar tréguas ou, por vezes, “transações não oficiais”. Visto por quase todos como um intermediador carismático, porém justo, Ayers na verdade mantinha estes encontros sob controle, pois dominava o que ele considerava uma arte: a negociação de favores. O Capitão “era bom neste jogo”, como frequentemente o descreviam, garantindo sempre que as pessoas devessem mais favores a ele do que o oposto, favores estes que eram cobrados nos momentos mais oportunos para si próprio.

A 600i Explorer foi recebida em Orison por uma seleta equipe de cientistas e engenheiros, todos membros da EliteBR e amigos que já haviam trabalhado com Ayers em outros projetos que se mostraram bem lucrativos a todos. A nave fora descarregada durante a noite e o objeto alienígena encaminhado para uma plataforma de pesquisa da Crusader Industries, convenientemente “evacuada e desativada para manutenção emergencial de seus flutuadores”. A equipe de pesquisa trabalhou arduamente durante três dias no aparelho. Ao final do terceiro dia, o engenheiro-chefe entrou em contato com Ayers e pediu que ele o encontrasse sem demora.

Assim que chegou ao laboratório, o engenheiro-chefe explicou que após todo o tempo e dedicação nos trabalhos, aliados à experiência com tecnologia alienígena da equipe e aos avançados equipamentos de pesquisa dos quais dispunham, eles sabiam que infelizmente tinham apenas “arranhado a superfície” das potencialidades do estranho dispositivo.

“Mais tempo será necessário”, disse o engenheiro-chefe, “porém conseguimos descobrir que esse dispositivo que vocês trouxeram é capaz de causar flutuações gravimétricas em uma área configurável ao redor de si, em razão exponencialmente proporcional ao volume de energia inserida em seu circuito, por assim dizer”.

Erguendo uma de suas sobrancelhas, Ayers pensativo indagou que “então, você quer me dizer que o dispositivo é uma espécie de motor de dobra, muito mais eficiente que os Quantum Drives atuais e que, com a carga de energia correta, pode transportar qualquer nave, independentemente de sua massa?”

“Precisamente”, respondeu o engenheiro-chefe. “A injeção da quantidade correta de energia criaria uma bolha de distorção gravimétrica capaz de alterar o tecido do espaço ao redor do dispositivo no tamanho desejado, deslocando o que quer que fosse necessário com virtualmente muito pouca energia… ‘teleportando’, melhor dizendo”, acrescentou. Antes que Ayers pudesse responder, ele completou: “Isso, ou…”

“…ou?”, questionou Ayers, apertando levemente os olhos, preocupado com o que ouviria a seguir.

“…ou, caso a polaridade da energia injetada fosse invertida e, calculada na proporção ‘correta’, o dispositivo geraria ondas gravimétricas fortíssimas e desarmônicas, causando a reverberação violenta e consequente ruptura do fluxo do espaço-tempo a sua volta, semelhante a…”

“…a um buraco-negro?”, completou Ayers, com olhar preocupado.

“Sim, com sua total força, capaz de engolir planetas inteiros, talvez luas e, quem sabe, sistemas, em uma área configurável em função exponencialmente proporcional ao volume de energia inserida em seu circuito”, finalizou, em tom grave, o engenheiro-chefe.

Ayers retornou ao hotel Greencircle desorientado. Ele precisava se recompor e decidir o que fazer com o dispositivo. “E se ele caísse em mãos erradas? Poderia sua tecnologia ser difundida? E se fosse usada para fins não pacíficos? Como ele poderia ser responsável por milhões de mortes advindas do uso nefasto desta nova…” Seus pensamentos foram abruptamente interrompidos pelo suave bip de seu mobiGlas. Uma mensagem havia acabado de chegar.

“Capitão, seguinte: aqui é o Rato. Estão rolando uns boatos aqui em GrimHEX que acho legal você saber. Os Nine-Tails têm comentado que a UEE está atrás de uma 600i. Parece que eles detectaram umas coisas anormais nela, tipo uns lances ‘gravitrônicos’, ´tectrônicos’, sei lá. Além dos Nine-Tails estarem interessados em lucrar com o que quer que seja dessa tal nave, o papo é que a UEE já tem vários agentes do Departamento de Espionagem rastreando a tal nave e eu soube que eles vão realizar uma operação assim que o dia começar em Orison. Como você vive enfurnado nesse ninho de cobras elitistas, imaginei que eles poderiam estar falando da sua nave. Se cuida, cara. Ah, e que fique bem claro: tô me expondo demais pra te avisar. Favor pago, não te devo mais nada.”

Ayers arregalou os olhos. Era momento de agir. Naquela mesma noite, imediatamente contatou sua fiel tripulação. Precisavam retirar o dispositivo do planeta o mais rapidamente possível. O capitão se reuniu com todos em um hangar secreto e, como não poderia garantir o sucesso da missão, permitiu que qualquer membro da fiel tripulação abdicasse de seu posto para não colocar sua vida em risco. Ninguém se manifestou, exceto por seu Primeiro Imediato, que colocou a mão em seu ombro, olhou-lhe nos olhos e disse apenas “‘Estou pronto para realizar minha última viagem: um grande salto no escuro’ – Thomas Hobbes”.

Antes do raiar do dia, a 600i Explorer decolou de Orison e rapidamente deixou a atmosfera de Crusader. Em órbita, entretanto, naves da UEE os aguardavam e, ao identificar a assinatura de radar da nave, abriram fogo. A maestria da tripulação do capitão Ayers foi posta à prova: eles já tinham se esquivado de asteroides em cinturões instáveis, fugido às pressas de sistemas cuja estrela entrava em Nova e desviado de jatos de emissões gama de pulsares impiedosos, mas nada os preparara para um combate com as imensas e habilidosas naves do Império. “Carregar Quantum Drives!”, gritou a ordem. “Spoolers carregados!”, foi ouvida a resposta. “Ativar em 3, 2, 1…” e subitamente, uma rede avermelhada de pulsos eletromagnéticos estalou pela ponte, se espalhando por todos os painéis da nave. Uma Mantis da UEE havia disparado sua arma de Quantum Dampening, desativando e bloqueando os Quantum Drives da 600i.

Todos silenciaram. Na penumbra do interior da nave, trocaram olhares de preocupação. Uma luz amarela se acendeu no painel de comunicações. “Capitão… a UEE está nos sinalizando no canal de comunicações”. Ayers deu um suspiro profundo, endireitou-se no assento, ergueu lentamente seus olhos para a tela e preparou-se para o contato. Frações de segundo antes de dar a ordem, o oficial de engenharia o interrompeu. O sensor gravimétrico na 600i começara a piscar freneticamente. Como que energizado pelos pulsos eletromagnéticos da Mantis, o dispositivo alienígena fora ativado. Era possível sentir da ponte as vibrações vindas do deck de carga. Os painéis da 600i rapidamente se acenderam, mais brilhantes do que antes. “Ativar!”, gritou Ayers, e a Origin Jumpworks 600i Explorer se lançou ao infinito, em uma velocidade superior a qualquer Quantum Drive já projetado pela Humanidade.

O alívio tomou conta da nave. Os painéis mostravam que em segundos eles haviam deixado Stanton para trás, e rumavam para a última localização programada no computador de bordo: o sistema Pyro. Durante aproximadamente cinco minutos, eles cruzaram sem a ajuda de buracos de minhoca a distância que separava os dois sistemas. A tripulação podia ver ao redor da nave uma estrutura que lembrava um hipercubo, com camadas de espaço-tempo sobrepondo-se e reajustando-se continuamente enquanto eles cruzavam a galáxia.

De repente, um alarme foi ouvido e a 600i foi abruptamente arrancada de seu salto quântico. “Estamos em uma região não mapeada de Pyro”, disse o navegador. “Sistemas propulsores inoperantes”, completou o co-piloto. Raios foram vistos, acompanhados do estrondo elétrico de trovões, no que parecia ser a materialização de uma imensa nebulosa à frente da 600i. De dentro dela, como se cruzasse uma fenda espacial a um destino pré-programado, revelou-se uma nave de dimensões formidáveis e geometria espantosa, com espículas cristalinas azuladas, muito maior do que aquela onde a tripulação da 600i encontrara inicialmente o dispositivo alienígena.

“Comunicações… por favor… transmita nossas saudações… e o faça em todos os idiomas e sistemas linguísticos conhecidos por nossos bancos de dados”, disse o capitão.

A partir deste momento, senhores, segundo informações dos registros e sensores da 600i Explorer, um pulso violento de energia dourada foi emitida pela nave alienígena. Os sistemas se tornaram inoperantes. Não houveram mais registros dos sensores internos ou externos da nave humana e, misteriosamente, as assinaturas biológicas desapareceram por completo. O destino dos ocupantes? Desconhecido, assim como o paradeiro do dispositivo no deck de carga e os motivos da ação da nave alienígena.

Após o ocorrido, a “Organização de Exploração, Ciência e Turismo” foi fundada pela equipe de Orison, em homenagem “in memoriam” ao Capitão Ayers e sua valorosa e fiel tripulação, que sacrificaram suas vidas para proteger a todos da pior arma de destruição em massa da História: a ganância humana.

“De qualquer maneira, se os senhores olharem pela janela, poderão ver o que sobrou da 600i Explorer Aventus, que aparece agora ao lado direito da nave.”, disse o Anfitrião que, após alguns instantes, com um clique de seu mobiGlas, completou: “Capitão, podemos seguir ao nosso destino final”.

“Afirmativo”. [beep]

A Aventus é um Organização filiada à EliteBR e possui três departamentos internos:

• Aventus Discovery

Escopo: Exploração

– Scanning (Xenoarchaeology, Xenobiology): —

– Mapping (Jump Point, hotspots, locais turisticos, etc): —

– Navigation (estabelecer pontos de navegação on-demand): —

• Aventus SciTech

Escopo: Pesquisa, Ciência e Tecnologia

– Research (Innovations, new materials and Applied Sciences): —

– Engineering (Modules Upgrades, Overclocking, etc): —

– Information Logistics: Bons engenheiros em campo, peritos em pilotagem e voando em altas velocidades são comumente chamados de “Datarunners”, em especial por pessoas de fora da Organização.

• Aventus Tours

Escopo: Informação

– Tourism & Entertainment: além de ser uma forma de capitalizar em cima dos frutos da exploração, o turismo é visto pela Aventus Connections como uma forma de disseminar e perpetuar para as gerações futuras todo o conhecimento advindo da Exploração. Ainda, entreter inspira mentes e mentes inspiradas se expandem, abrem novas portas e expandem seus horizontes. Por isso, a Aventus Tours valoriza entretenimento de qualidade em seus eventos, buscando proporcionar a seus Convidados experiências memoráveis de alto padrão.

– Jornalism & Mass Media: comunicar é informar, levando notícias e democratizando o conhecimento. Através de naves especializadas como a Reliant Mako, a Aventus garante que informações relevantes e com credibilidade cheguem a todos os cantos do Universo.

– Networking & Diplomacy: como Diplomatas e Relações Públicas, os membros da Aventus Tours representam a Aventus e a EliteBR em encontros sensíveis e manifestações públicas. Conhecidos por sua calma, cortesia, sabedoria e senso de justiça, a alta qualidade de nossos representantes evidencia-se da disciplina de seu uniforme ao respeito em suas interações sociais. Devido a isto, a Aventus Tours é frequentemente escalada para negociações delicadas e intermediação de conflitos das mais variadas amplitudes, de pequenos tratados de cooperação mútua, a tréguas em grandes conflitos armados.